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Comentário a respeito de Belchior

Belchior2
Com toda essa recente e maciça exposição na mídia sobre o “sumiço” de Belchior, lembrei-me de certo dia em minha infância, quando brincava no tapete da sala enquanto meus pais assistiam TV. Veja, isso se passou na longíqua década de 1980, tempo onde zapear pelos canais não era coisa simples e automática como o é hoje. Tínhamos um aparelho Telefunken e meus pais costumavam assistir àqueles programas de auditório tão comuns na década oitentista. Talvez, nesta ocasião, assistiam ao programa do Edson Bolinha Cury. Num certo momento, o apresentador chamou ao palco Belchior para cantar “Medo de Avião”. Achei o nome diferente e levantei minha cabeça para mirar a televisão, a fim de saber quem era o tal. Fiquei surpreso ao avistar aquele sujeito com um cabelo vasto e consistente e com aquele bigodão que lembrava o de Groucho Marx, mas acabei arrancando um sorriso do meu pai quando perguntei:
Pai, o Zenon também é cantor?
Talvez essa historieta arrancasse um sorriso do rapaz latino-americano. Talvez ele não seja Corinthiano… Mas Belchior reapareceu, cheio de projetos, álbum novo a ser lançado, novas histórias para cantar. Jogada de marketing? Pura desencanação? Fuga dos credores? Cada um que tire sua conclusão. De minha parte, fica a espera de sua volta para, quem sabe, ouví-lo cantar ao vivo “Coração Selvagem”, uma de minhas prediletas. Mas essa história do sumiço e reaparecimento do cantor baiano tem mais a ver com outro sucesso de sua autoria, a canção “A Palo Seco” que, como numa pista de suspense policial, diz:

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo eu me desesperava
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 76

Eu ando um pouco descontente
Desesperadamente eu falo português (2x)

Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Mas por força do meu destino
Um tango argentino
Me cai bem melhor que um blues
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 76

Eu quero é que esse canto torto feito faca
Corte a carne de vocês (2x)

Belchior inspirou Belchior?
Ninguém, além dele, sabe.

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Tarda, mas não falha…

le aguardava o ônibus que o levaria ao centro de São Paulo, no Terminal de Ônibus Cachoeirinha e, por pura ironia dos Deuses, veio-lhe à cabeça lembranças daquela que um dia amou. Confuso, perguntou-se por que lembranças de tempo tão remoto o visitavam. Resposta fácil: Culpa de um vendedor de CDs piratas, daqueles musicais, daquele tipo de ambulante que carrega seu produto naqueles carrinhos improvisados, com uma grande caixa de som e um tocador de CD que geralmente é um daqueles modelos automotivos. Tocava Pais e Filhos, da Legião Urbana e irremediavelmente várias lembranças vieram à sua cabeça. Um pouco de saudade, um pouco de sentimento de culpa por achar que não havia demonstrado todo seu amor a ela o deixou atordoado. Mas não havia motivos para remorso. Ela havia colocado um ponto final na história após muitos meses de dedicação, amor, carinho a um rapaz que só queria dar uns beijos de vez em quando. Espera aí: Mas ele não a amava? Ele tem em seu coração a certeza tardia de que sim, a amava. Mas o amor juvenil, incompreensivelmente, muitas vezes é tratado com certo medo, principalmente nos homens. Medo de não ser correspondido, medo de fazer papel de idiota diante dos amigos que, dizem, acham esse papo de amor coisa de menina (mas choram sozinhos à noite, na cama, por nutrir o mesmo sentimento por alguma outra garota mas não o diz por conta de todos esses motivos juvenis). Onde ela está agora, depois de todos esses anos? Ele não sabe a resposta. Mas sabe que, com o perdão do clichê, “é preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã…”

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A primeira prova

oje foi o dia da primeira avaliação da nossa turma. “O Príncipe”, de Maquiavel, foi o objeto de estudo. Obra realmente fascinante! Após a aula de Teoria e Técnicas de Comunicação, com a querida professora Márcia, saímos para um rápido café antes de sermos colocados à prova pelo professor Marco Moretti. Numa das mesas da praça de alimentação, um pequeno grupo conversava descontraidamente, sem qualquer sinal de aflição. Mas eu estava ansioso, apesar de me sentir preparado para a prova. Um dos desencanados participantes da conversa, o figuraça do Edu, chegou a dizer: “Eu sou o próprio Príncipe!”, quando o questionei se sentia-se confiante. Neste exato momento, o até hoje distante coordenador do curso, titular da disciplina a qual iríamos ser avaliados, surpreendentemente sentou-se à mesa para um café. Foi bacana, sentimos que o professor começa a criar afeição pela turma. Durante a prova, confesso que me incomodei um pouco com uma fuzarca que a molecada do Colégio Objetivo fazia na quadra poliesportiva, que fica grudada ao prédio da Faculdade. As divagações de Maquiavel sobre César Bórgia misturavam-se com vozes juvenis cantando “Mamãe Eu Quero”, clássica marchinha de Carnaval. Inacreditável…

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Sampa é demais!

oje saí para trabalhar sem a menor pressa. Toltamente folgado em relação ao horário. De boa. Adiantado. Peguei o 3141 na av. Alvaro Ramos às 10h30 rumo à lida. Ônibus vazio, gente indo trabalhar. Ou não, sei lá.  A certa altura, percebi um zumzumzum na parte traseira do coletivo.  Tinha um sujeito lá, nem aí pra nada nem pra ninguém, cantarolando e observando a paisagem. Normal, nada de mais. Mas eu comecei a prestar atenção e me diverti muito com a “seleção” musical do cara. Ele tava desenterrando muito sucesso popular que eu de alguma maneira ouvi desde a minha infância.  O engraçado é que ele cantava um trecho  muito pequeno da música e já pulava pra outro “sucesso”.  Eu tava tão sem nada pra pensar que consegui memorizar alguns hits. Vamos a eles:

  • Cidadão – Zé Geraldo
  • Águas de Março – Tom Jobim
  • Exagerado – Cazuza
  • Love-me tender – Elvis Presley
  • Vamos fugir – Gilberto Gil
  • O segundo Sol – Cássia Eller
  • Pastor João e a igreja invisível (!) – Raul Seixas

Figuraça, não? Eu não tenho a menor autoridade (nem a intenção!) de dizer se o cara tinha algum “problema”. Mas era uma figura. Isto é fato! É ou não é?

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